segunda-feira, 11 de abril de 2011


Minha vida


Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes, governaram minha vida: o desejo imenso do amor, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade.
Essas paixões, como os fortes ventos, levaram-me de um lado para outro, em caminhos caprichosos, para além de um profundo oceano de angústias, chegando à beira do verdadeiro desespero.
Primeiro busquei o amor, que traz o êxtase – êxtase tão grande que sacrificaria o resto de minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Procurei-o, também, porque abranda a solidão – aquela terrível solidão em que uma consciência horrorizada observa da margem do mundo, o insondável e frio abismo sem vida. Procurei-o, finalmente, porque na união do amor vi, em mística miniatura, a visão prefigurada do paraíso que santos e poetas imaginaram. Isso foi o que procurei e, embora pudesse parecer bom demais para a vida humana, foi o que encontrei.
Com igual paixão busquei o conhecimento. Desejei compreender os corações dos homens. Desejei saber por que as estrelas brilham. E tentei apreender a força pitagórica pela qual o número se mantém acima do fluxo. Um pouco disso, não muito, encontrei.
Amor e conhecimento, até onde foram possíveis, conduziram-me aos caminhos do paraíso. Mas a compaixão sempre me trouxe de volta à Terra.
Ecos de gritos de dor reverberam em meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desprotegidos – odiosa carga para seus filhos – e o mundo inteiro de solidão, pobreza e dor transformaram em arremedo o que a vida humana poderia ser. Anseio ardentemente aliviar o mal, mas não posso, e também sofro.
Isso foi a minha vida. Achei-a digna de ser vivida e vivê-la-ia de novo com a maior alegria se a oportunidade me fosse oferecida.



(RUSSEL, Bertrand, Revista Mensal de Cultura,
Enciclopédia Bloch, n. 53, set.1971, p.83)

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domingo, 3 de abril de 2011


Realmente, depende de mim.


Já escutei muito a frase "só depende de você pra dar certo" ou aquela outra "só depende de você tentar mudar". Depois de bater de frente com as frases e todas as vontades que as seguem de não depender só de mim, entendi que não tenho saída. Depende mesmo só de mim.
Repetitivo? Muito! Deve ser pra eu não esquecer o quanto realmente é verdade!
Tudo o que tenho experimentado na minha vida nos últimos tempos, tem me mostrado que as circunstancias nem sempre vão depender de mim, mas o que vou fazer com elas, sim.
Não quero, não quero e não quero, mas, chega uma hora que eu preciso querer. Chega um momento que não dá mais, tenho que querer alguma coisa. Essa alguma coisa vai crescendo, fortalecendo e outras coisas vão surgindo. E assim, conforme vou entendendo que "só depende de mim", as coisas vão começando a deslanchar, acontecer e tudo aquilo começa a fazer mais sentido.
Sentido que foi dado por mim, pela minha força de vontade, pela minha persistência em tentar, em não desistir e principalmente, pela minha determinação em me levantar todas as vezes que eu cair.
E parece que as coisas vão ficando mais fáceis apenas pelo fato de eu não ter mais aquele sentimento de "não quero nem tentar" dentro de mim.
Hoje eu sei que se não der certo, eu tentei, porque, eu consegui entender o quanto realmente depende de mim!

“O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende de mim!”
(Charles Chaplin)


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sexta-feira, 1 de abril de 2011


Sonhando acordada


Eu sempre sonhei com conto de fadas. Achava que aquele filme que passa a tarde era a prova concreta que existe a chance das coisas serem como na história da Cinderela, Branca de Neve e sabe-se la mais quantas que o príncipe encantado salva a princesa e o final é feliz pra sempre!
Acho que esse meu romantismo em excesso me impediu de ver muita coisa na minha vida! Eu até poderia dizer que perdi tempo com ele, mas, pelo contrário... Acho que foi justamente esse tempo que me fez perceber o qto é importante ter contos de fadas como visão da vida em alguns momentos. Ta certo, em alguns momentos, não em todos, ok?!
Acho que consegui ser mais realista qdo percebi que os sonhos só se tornam reais, qdo lutamos por eles, e, essa luta vem do agora, do real. Não adianta ficar em casa sentada esperando que o príncipe encantado venha montado em um cavalo branco me buscar pra passear pq isso não vai acontecer. Até pq, os príncipes de hoje nada se parecem com encantados.
Um pouco de fantasia não faz mal a ninguém, porém, a realidade existe justamente para pensarmos sobre a existência dessa tal ilusão que tantas vezes nos invade, nos permitindo simplesmente fechar os olhos e acreditar! Nada na vida deve ser assim tão bruscamente frio. O tal do equilíbrio (eu ainda encontro esse danado) se faz necessário qdo o assunto é aquilo que vc sonha pra sua vida.
Príncipes encantados não existem. Contos de Fadas são reais até dar meia noite e a carruagem voltar a ser abóbora. Mas, o que faríamos sem aquele charme todo da princesa que se arruma pro baile para poder encontrar o grande amor da sua vida?
 Ai, e quantos amores que nós temos hein! Todos são definitivamente aquele com quem passaremos o resto de nossas vidas! Hahaha...
E dale troca de figurino, troca de personagem.. Belas Adormecidas, Brancas de Neve, Cinderelas... Quantas dessas não existem dentro de nós? Cada uma em uma história diferente, cada uma dentro de um novo romance, de um novo amor. Aquele que vai durar para sempre...
Pensando bem, existe um conto de fadas que eu sou fã até hoje. O do Shrek. Aquele que o príncipe é um ogro e que a princesa acaba abrindo mão de alguns sonhos para estar ao lado dele. Esse me parece mais próximo à realidade de que o mundo perfeito não existe, e que a imaginação das crianças pode sim ter um equilíbrio entre o real e o imaginário.
A Fiona nada mais é que o oposto daquela princesa loira, magérrima, com finos tratos, que consegue tudo o que quer do seu príncipe, vivendo assim um lindo e eterno amor. Ela faz parte de uma espécie de mulheres guerreiras, que tem ao seu lado um companheiro da mesma espécie, mas, que em muitos momentos não concordam um com o outro, que tem vontade até mesmo de desistir.
Não sei se eu quero um Shrek pra minha vida (pode ser um pouco menos kkkk), mas, quero sim ter a oportunidade de, depois de viver todas as faces das princesas que ainda restavam da minha infância, conhecer alguém real. Alguém que não tem compromisso em alimentar sonhos e fantasias, mas, alguém que se comprometa com a verdade da vida! Aquela que nem sempre o sonho se realiza, mas, que sempre existe uma luta para alcançá-lo.

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